"Precipitam-se com rapidez os acontecimentos, pelo que
já não vos dizemos, como outrora: "Aproximam-se os tempos." Agora,
dizemos: "Os tempos são chegados."[...]
Para que na terra sejam felizes
os homens, preciso se faz que somente a povoem Espíritos bons, (Ver Livro dos Espíritos, questões 100 a 113) encarnados e
desencarnados, que unicamente ao bem aspirem. Como já chegou esse tempo, uma
grande emigração neste momento se opera entre os que a habitam. Os que praticam
o mal pelo mal, alheios ao sentimento do bem, dela se verão excluídos, porque
lhe acarretariam novamente perturbações e confusões que constituiriam obstáculo
ao progresso. Irão expiar o seu endurecimento em mundos inferiores, aos quais
levarão os conhecimentos que adquiriram, tendo por missão fazê-los adiantar-se.
Substituí-los-ão na Terra espíritos melhores que farão reinem entre si a
justiça, a paz, a fraternidade.[...]
A época atual é a transição; os elementos
das duas gerações se confundem. Colocados no ponto intermédio, assistis à
partida de uma e a chegada da outra, e cada uma já se assinala no mundo pelos
caracteres que lhe são próprios.[...]
Tendo de fundar a era do progresso moral,
a nova geração se distingue por uma inteligência e uma razão, em geral,
precoces, juntas ao sentimento inato do bem e das crenças
espiritualistas, o que é sinal indubitável de certo grau de adiantamento
anterior. Não se comporá tão-só de Espíritos eminentemente superiores, mas de
Espíritos que, já tendo progredido, estão predispostos a assimilar as idéias
progressistas e aptos a secundar o movimento regenerador.
O que, ao contrário,
distingue os Espíritos atrasados é, primeiramente, a revolta contra Deus, pela
negação da Providência e de qualquer poder acima da Humanidade; depois, pela
propensão instintiva para as paixões degradantes, para os sentimentos
antifraternais do orgulho, do ódio, do ciúme, da cupidez, enfim, a
predominância de apego a tudo o que é material.[...]
Com referência a essa
emigração de Espíritos, ninguém pretenda que todos os Espíritos retardatários serão
expulsos da Terra e relegados para mundos inferiores. Muitos, ao contrário, aí
hão de voltar, porque muitos cederão ao império das circunstâncias e do
exemplo; neles, a casca está mais estragada do que o cerne.[...]
Aqueles,
conseguintemente, poderão voltar e se sentirão felizes, porque isso lhes será
uma recompensa. Que importa o que tenham sido e feito, se animados de melhores
sentimentos se encontram? Longe de se mostrarem hostis à sociedade, serão seus
auxiliares úteis, porquanto pertencerão à geração nova.
Não haverá, pois,
exclusão definitiva, senão dos Espíritos substancialmente rebeldes, daqueles
que o orgulho e o egoísmo, mais do que a ignorância, tornaram surdos aos apelos
do bem e da razão. Esses mesmos, porém, não estarão votados a perene
inferioridade. Dia virá em que repudiarão o passado e abrirão os olhos para a
luz.[...]
Infelizmente, a maioria, desconhecendo a voz de Deus, persistirá na
sua cegueira e a resistência que virá a opor mascarará, por meio de terríveis
lutas, o fim do reinado dos que a constituem. Desvairados, correrão à sua
própria perda; provocarão destruições que darão origem a um sem número de
flagelos e de calamidades, de sorte que sem o quererem, apressarão o advento da
era de renovação.[...]
O mundo se acha empenhado num imenso trabalho de
gestação que já dura há um século; nesse trabalho, ainda confuso, nota-se,
todavia, que predomina a tendência para determinado fim: o da unidade e da
uniformidade, que predispõem à confraternização.[...]"
FONTE: Obras Póstumas / ALLAN KARDEC - "Regeneração da Humanidade"
Mensagem recebida em Paris, 25 de abril de 1866